As profecias atribuídas a São Malaquias sempre despertaram curiosidade e especulação, principalmente pela ligação com a sucessão dos papas.
Com a eleição do Papa Francisco, apontado como o 112º e último da lista, muitos se perguntaram: estaríamos vivendo o fim dos tempos?
Vamos analisar o que a história e a fé da Igreja nos ensinam sobre esse tema.
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Quem foi São Malaquias?
São Malaquias foi um bispo irlandês, nascido em Armagh no final do século XI. Reconhecido por sua santidade e seu trabalho de restauração da disciplina eclesiástica, ele faleceu nos braços de São Bernardo de Claraval em 1148.
Apesar de sua vida santa, São Malaquias se tornou mais conhecido pelas chamadas "profecias papais", uma lista de 112 pontífices, cada um descrito por um breve epíteto.
No entanto, historiadores sérios notam que essas profecias não são mencionadas por seus contemporâneos e só vieram à tona no século XVI. Esse hiato temporal lança dúvidas sobre a sua autenticidade.
A profecia e o Papa Francisco
Conforme a lista atribuída a São Malaquias, o Papa Francisco seria o último pontífice antes da "perseguição final" da Igreja e da Segunda Vinda de Cristo.
A sua eleição, em 2013, gerou discussões em diversos meios católicos e mesmo em veículos de mídia seculares.
Entretanto, ao analisarmos as evidências históricas, percebemos que a credibilidade da profecia é extremamente frágil.
Estudiosos apontam que a lista parece ter sido criada no século XVI para fins políticos, talvez para influenciar a escolha de um novo papa durante aquele período.
Além disso, as descrições proféticas se mostram precisas apenas até 1590 — e se tornam vagas e imprecisas dali em diante, como demonstrado em exemplos envolvendo papas como Bento XIV e João Paulo I.
Portanto, a presença do Papa Francisco como "Pedro, o Romano" deve ser vista com ceticismo, especialmente considerando que o próprio nome escolhido — Francisco — e suas origens familiares italianas são associações forçadas e não comprovam qualquer previsão sobrenatural.
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A posição da Igreja sobre essas profecias
É importante destacar que a Igreja nunca reconheceu oficialmente as profecias de São Malaquias como autênticas.
Diferente de aparições marianas como Fátima, Lourdes e Guadalupe, essas listas proféticas carecem de fundamento histórico sólido e de aprovação eclesiástica.
O verdadeiro sinal que sustenta a fé cristã, segundo o Catecismo da Igreja Católica, é o mistério pascal de Cristo:
Sua morte, ressurreição e a perene presença da Igreja ao longo dos séculos. Essa é a nossa certeza, e não previsões baseadas em documentos de autenticidade duvidosa.
Assim, ao invés de ficarmos preocupados com profecias não reconhecidas, nossa atenção deve estar voltada para viver em estado de vigilância e fidelidade ao Evangelho, pois não sabemos o dia nem a hora em que seremos chamados ao encontro definitivo com o Senhor.
Conclusão
Embora o tema das profecias de São Malaquias e a figura do Papa Francisco despertem fascínio, é essencial manter o olhar de fé naquilo que realmente sustenta a Igreja: a promessa de Cristo de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (cf. Mateus 16,18).
Diante das incertezas e curiosidades humanas, a resposta cristã permanece firme: confiar no Senhor, viver com fé, esperança e caridade, prontos para acolher o Rei que virá — no tempo determinado por Deus, e não por listas questionáveis.