A doutrina da Imaculada Conceição de Maria é uma das mais belas verdades da fé católica, mas também uma das mais questionadas, especialmente por aqueles que citam Romanos 3 para argumentar que “todos pecaram” e, portanto, Maria não poderia ser imaculada.
Neste artigo, vamos entender melhor o que São Paulo realmente quis dizer e como isso se harmoniza com a fé da Igreja.
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O Que Paulo Diz em Romanos 3?
Em sua carta aos Romanos, São Paulo afirma: “como está escrito: 'Não há justo, nem um sequer; ninguém entende, ninguém busca a Deus.'” (Romanos 3,10-11) e ainda: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.” (Romanos 3,22-23). À primeira vista, essas palavras parecem excluir qualquer possibilidade de uma pessoa sem pecado.
No entanto, uma leitura mais atenta mostra que São Paulo está usando uma linguagem poética e hiperbólica, típica dos Salmos, especificamente do Salmo 14, que ele cita.
Ali, o salmista afirma que não há ninguém que faça o bem, mas logo em seguida fala da "geração dos justos", demonstrando que há, sim, pessoas justas, ainda que em meio a uma humanidade ferida pelo pecado.
Assim, entendemos que Paulo não está negando a existência de indivíduos justos, mas sim ensinando que, independentemente da origem — seja judeu ou gentio —, todos precisam da graça da salvação oferecida por Jesus Cristo.
Jesus, Maria e a Interpretação Correta
Outro ponto fundamental é lembrar que Jesus Cristo é plenamente homem e, ao mesmo tempo, sem pecado.
Se levarmos a expressão “todos pecaram” de modo absolutamente literal, teríamos que incluir até mesmo Nosso Senhor, o que é evidentemente inaceitável para qualquer cristão.
A mesma lógica se aplica à Imaculada Conceição de Maria. Desde o primeiro instante de sua concepção, pela graça singular de Deus e em vista dos méritos de Cristo, Maria foi preservada do pecado original.
Portanto, ela é uma exceção, não por seus próprios méritos, mas por um dom especial concedido por Deus, justamente para ser a Mãe do Salvador.
Assim, a interpretação católica entende que as palavras de São Paulo não anulam a verdade da Imaculada Conceição de Maria, mas ressaltam a necessidade universal da graça de Cristo — graça esta que agiu de maneira única e antecipada em Maria.
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A Necessidade da Graça e a Singularidade de Maria
Ao dizer que “não há distinção”, Paulo está sublinhando que tanto judeus quanto gregos carecem da graça. Ele não está estabelecendo uma regra sem exceções individuais, mas um princípio geral: todos, por si mesmos, estão sob o poder do pecado.
A Imaculada Conceição de Maria, portanto, não é uma negação da necessidade da graça, mas a manifestação mais extraordinária da ação da graça divina.
Maria foi redimida de modo preventivo; ou seja, ela também foi salva por Cristo, mas de uma forma especial: foi preservada do pecado em vez de ser purificada após tê-lo contraído.
Assim, a doutrina da Imaculada Conceição de Maria não contraria a Escritura, mas a ilumina com uma compreensão mais profunda da salvação e da missão única de Nossa Senhora no plano de Deus.