Ao longo dos séculos, os santos cultivaram uma vida espiritual rica em práticas piedosas e devoções que os ajudaram a crescer no amor a Deus.
Muitos católicos de hoje, porém, desconhecem ou abandonaram essas preciosas heranças espirituais.
Este artigo deseja relembrar as práticas recomendadas por santos canonizados e incentivadas pela Igreja, pois, como ensina o Catecismo da Igreja Católica, “as formas diversas de piedade estão subordinadas à liturgia, mas dela se alimentam e a conduzem” (CIC, 2160).
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A força das pequenas práticas diárias
Santa Teresinha do Menino Jesus nos ensina o caminho da confiança e do amor nas pequenas coisas, a “pequena via”. Ela afirmava:
“A santidade não consiste em realizar grandes coisas, mas em fazer tudo com amor.”
Esse espírito de simplicidade é um modelo acessível a todos. Pequenos atos de amor, de sacrifício e de oração ao longo do dia constituem devoções que transformam a alma.
O Catecismo reforça isso ao ensinar que “a oração é a vida do coração novo” (CIC, 2689).
Rezar brevemente, oferecer sofrimentos ou repetir jaculatórias como “Jesus, eu confio em Vós” são práticas amadas pelos santos e eficazes para quem deseja santificar o cotidiano.
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A devoção à Eucaristia: o centro da vida dos santos
São João Maria Vianney dizia:
“Todas as boas obras juntas não equivalem ao sacrifício da Missa, porque são obras dos homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus.”
Os santos tinham plena consciência de que a Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (CIC, 1324).
A participação frequente na Santa Missa, a adoração ao Santíssimo Sacramento e a comunhão espiritual eram devoções indispensáveis na vida deles.
Santa Teresa de Jesus recomendava:
“Aconteça o que acontecer, não deixe jamais de comungar.”
Hoje, a frequência à Missa diária e a adoração ao Santíssimo precisam ser redescobertas por muitos fiéis.
O amor ao Rosário: uma arma espiritual esquecida
O Rosário foi chamado por São João Paulo II de “a oração do cristão para os tempos difíceis” (Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 2002).
Essa devoção mariana, ensinada com insistência por Nossa Senhora em Fátima, é um caminho seguro de contemplação dos mistérios da vida de Cristo, em união com Maria.
São Luís Maria Grignion de Montfort afirmava:
“O Rosário é uma cadeia santa que nos liga a Deus.”
O Catecismo também reconhece o valor dessas práticas:
“As devoções a Maria […] exprimem-se em cânticos e hinos, em oração do Rosário, em procissões, em consagrações à Santíssima Virgem…” (CIC, 2607).
A redescoberta do Rosário diário pode transformar a vida espiritual de qualquer católico.
Devoções esquecidas que precisam ser redescobertas
Há inúmeras devoções recomendadas pelos santos que hoje estão em risco de esquecimento:
- A Hora Santa, praticada por Santa Margarida Maria Alacoque, como reparação ao Coração de Jesus;
- A Via-Sacra, feita especialmente às sextas-feiras, amada por São Leonardo de Porto Maurício;
- A consagração total a Jesus por Maria, ensinada por São Luís Maria de Montfort no clássico “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”;
- O Ofício da Imaculada Conceição, amplamente rezado no Brasil durante séculos;
- A prática do jejum e abstinência, redescoberta recentemente com maior ênfase nos tempos litúrgicos como a Quaresma.
Essas práticas foram confirmadas pela Igreja como meios legítimos de santificação pessoal e são profundamente enraizadas na Tradição. Como afirma o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 2002):
“A piedade popular, quando bem orientada, está profundamente radicada na tradição litúrgica e teológica da Igreja.”